Colocamos o despertador para acordar, tomar o belo café da manhã e aproveitar ainda a
piscina para sairmos às 11h, conforme a reserva da hospedagem. Não foi
assim tão difícil acordar, e o café compensou, assim como o relaxante banho de piscina
aquecida logo de manhã. Nem lembro a última vez que havia tomado banho de
piscina de manhã.
Uma das
coisas boas de ficar em chambres d`hôte é a hospitalidade e a possibilidade de
nos relacionarmos mais diretamente com habitantes do lugar. A hospitalidade é
algo cultivado na França, assim como a arte de saber conversar. Então também é
uma forma de praticar o idioma além de degustar produtos da região no
café da manhã e receber orientações turísticas do pessoal local.
Adoramos a
hospedagem no Le Clos Elisa. Ficaria ali uma semana só aproveitando o quarto, a
piscina, o jardim e o café da manhã!
Antes de
tomar rumo pelas ciclovias da região, demos uma caminhadinha pra ver a
cidade. O local é pequeno e não tem muito o que conhecer. Mas ver as pessoas em seu
dia a dia num lugar assim nos faz pensar que a vida pode ser vivida de
muitas maneiras e em muitos ritmos diferentes.
Ontem a
noite, já tarde, quando fui fechar a janela do nosso quarto, que era no segundo
andar, vi que a rua estava absolutamente escura. A cidade quase toda já
dormia e nem as luzes da rua estavam mais acesas. O céu estava estampado de
estrelas prometendo um dia seguinte de tempo bom.
Elisabeth nos apresentou duas opções de ciclovia, uma pela floresta e outra que retomaria o Loire. Saint-Laurent-Nouan na verdade era mais afastado, saindo inclusive da via “Loire à velo” que havíamos tomado de Orleans até Beaugency. Existem muitos roteiros e trajetos sinalizados por toda região. Decidimos então tomar o rumo margeando o Loire. E lá fomos nós, pedalando felizes. Saímos e já passava de meio dia. Café da manhã foi por volta de 10h, então compramos sanduíches de baguete na boulangerie da cidade pra comer mais tarde.
As sungas e maiô molhados, penduramos no remorque pra ir secando no caminho. Super chique!
Bom, o tipo
de chão da rota que seguimos foi bem variado: de asfalto liso em meio a plantações e
floresta, a uma trilha lazarentinha e esburacada margeando o rio. Mas tudo bem, o
dia estava lindo, o sol um pouco tímido, mas sem sinais de chuva ao longo da
jornada.
Depois de
andar por uns 9 km, fomos chegando à civilização e eis que a placa com o
nome do lugar dizia: Saint-Lourent-Nouan! Mas nós tínhamos saído de Saint-Lourent-Nouan!!!
Como
assim??? A cabeça deu um nó. Apesar de haver aqui e ali plaquinhas indicando a direção
nas ciclovias e em meio às cidades, eventualmente nos bate dúvidas. O mapa das
ciclovias da região que Elisabeth nos deu veio bem a calhar. Mas nosso bom
amigo tem sido mesmo o google maps, que mesmo sem conexão com internet, nos
mostra onde estamos e assim conseguimos ter mais noção dos locais e direções.
Mas será que nos enrolamos em meio a nossa felicidade e empolgação e acabamos dando uma volta? Fomos entrando
mais no lugar tentando desvendar o mistério. Vimos a torre da igreja e a
concluímos que era a igrejinha que visitamos antes de partir: voltamos mesmo!!?. Mas chegando na rua principal, percebemos que não
era o mesmo local. Vimos um mercadinho e tabac – coisa que estava fechada em
Saint-Lourent-Nouen. Observamos melhor a igreja e rua principal... ufa! Não era a mesma localidade. Fui
comprar algo fresco pra beber e créditos pro celular, por que, né, já vimos que
pode ser útil... e a primeira pergunta que faço pra atendente, depois de um
bonjour, obviamente, foi: Nós estamos exatamente onde??? Resposta:
Nouen-sur-Loire, um distrito (comuna) de Saint-Lourent-Nouen, por isso a placa
na entrada da cidade... aff....
O trecho
mais difícil foi de Nouen para Muides-sur-Loire. Trilha com buracos,
subidinhas, dureza pra seguir com um remorque. Numa bici sozinho iria bem. Em Muides voltamos para uma ciclovia melhor e fomos até Saint-Dryé-sur-Loire onde tiramos
algumas fotos e fizemos uma pausa em uma área de piquenique na margem do rio,
quase embaixo da ponte que vem da cidade de Mer. Por ali, o caminho da famosa
via Loire à Velo vinha pra margem de cá rumo ao castelo de Chambord, o que
deduzimos ser uma ciclovia melhor do que o pedaço de trilha de terra e mato que pegamos. Já havíamos feito cerca de 15 km e,
mesmo tendo feito paradinhas curtas pra tirar foto, beliscar um sanduíche e
beber água, seguimos relativamente direto.
Tomamos
então o caminho pra um dos castelos mais famosos – e lindos – da região. Um
tanto de pedaladas e já avistamos parte do muro de 32 km que cerca o parque.
Tomamos o caminho indicado para bicicletas, lamentando não ser a mesma estrada
de quem vem de carro, que permite contemplar o castelo de frente enquanto avança em sua direção. Tivemos dúvidas aqui e acolá se estávamos
no caminho certo. Até que saímos da área de bosque e avistamos o bonitão. Uma
plaquinha indicava bicicletas para adiante, mas um caminho mais curto, que parecia ir mais
diretamente, nos chamava. Obviamente tomamos o caminho mais direto... E quando já quase
lá, o que tinha no caminho? Uma porteira trancada a cadeado... Ahhhh... Já
estávamos com 23 km de pedalada, querendo descansar largados admirando o bonitão... teríamos que voltar? Ao lado do caminho e do portão havia um campo que parecia dar acesso a
uma saída desta nossa prisão. Mas uma plaquinha indicava que por ali somente
podia seguir para caminhada e não bicicleta. Decidimos que Aline atravessaria
os cerca de 400 m de campo pra ver se era viável ir com o remorque. Foi e...
tudo certo! Sinal feito de longe, lá fui eu e Joaquim descendo a ladeira de
campo em busca da felicidade.
Montamos
nosso acampamento bem em frente ao castelo, na vista mais central e
privilegiada. Nos largamos lá por um tanto de tempo, fotos, sorrisos, gemidos,
uma bebidinha gelada, pés ventilando...
De Chambord
até nosso Chambre d’hôte de hoje, ainda uns 10 km. Borá lá então que já era
17h50 e havíamos dito que chegaríamos às 18h30...
De Chambord
precisávamos passar por Bracieux e vendo o mapa era uma estrada reta. As
indicações de ciclovia iam pelo bosque, um caminho lindo e agradável. A energia
já estava baixa, apesar da beleza do local. Em certo momento, vimos apenas a
indicação de que ali era um roteiro pra passeios de cavalo, embora o chão fosse
semelhante a antes, um chão de terra batida bem plana. Ficamos em dúvida e
seguimos, sempre em paralelo com a estrada e os carros. Mais um pouco, indicava
para as bicicletas cruzarem a rua e seguirem pelo outro lado pelo bosque, só que em
sentido perpendicular. Oi??? Como assim? Nosso amigo Google maps nos confirmava
que Bracieux era pro outro lado.... Seguimos um pouco e uma placa indicava
Bracieux a 4,5 km. Eita... Resolvemos voltar e tomamos a via de carros
mesmo – que delicia um caminho liso de novo! Os carros são bastante cautelosos,
o que me deixa mais tranquilo, mas Aline não relaxa do mesmo jeito. Porém o
movimento não era intenso, o que nos permitia pegar mais velocidade pra tentar
chegar logo ao destino.
Logo
chegamos em Bracieux. Combinamos de eu ir a mercado comprar algo pra janta e
Aline mandar mensagem que estávamos a caminho. A resposta veio: em 5 minutos
estaríamos no destino em Tour-en-Sologne.
Uma das
coisas mais agradáveis desde que começamos o trajeto, é cumprimentar a todos
que passam por nós de bicicleta com um sorridente bonjour e receber com sorrisos
igualmente felizes outros bonjours. Mas também descobrimos um sério problema nesta nossa viagem. A gente se pega quase o tempo todo sorrindo – e isto
é um problema pois volta e meia precisamos cuspir insetinhos que insistem em ser
devorados pela nossa alegria! Pedalar sem óculos então... nem pensar, pois assim teríamos que tirar mosquitinhos dos olhos também!!
Fizemos hoje cerca de 33 km, tendo saído pouco depois de meio-dia de Saint-Laurent-Nouen e chegado a Tour-en-Sologne depois das 20h.
Já percorremos 71 km pedalando. E estamos apenas no segundo dia.
Oi Família Scheffler
ResponderExcluirNada como uma pedalada recebendo a brisa no rosto, não é?
Liberdade no trajeto e possibilidade de interagir com o ambiente.
Abs