Au début | No início

O começo de tudo foi há tempos. Muitos tempos. Foi quando Ismael e eu nos conhecemos. Tínhamos em comum não pertencermos à cidade onde nos encontramos. O que fazíamos ali? Estudávamos. Uma fase da vida depois da qual seguem outras fases, com certeza (assim pensávamos) em outras "paragens" (do gaúchês "terras"). Mas acontece que nosso se conhecer virou um se gostar, dali pra se apaixonar foi um pulo e quando nos demos conta estávamos no se casar e criar raízes. Esse criar raízes foi uma coisa natural e quando nos demos conta gostávamos da "nossa" cidade, do nosso canto, do nosso universo em comum. Mas lá no fundinho aquele desejo por novas paragens permaneceu. E sempre foi um desejo forte, grande mesmo, e muito compartilhado, de ter um contato, mais intenso do que alguns dias de férias, com outra cultura. Acho até que foi sempre isso que nos moveu em nossas viagens, quanto mais longe e diferente melhor: mochilão pela Europa, depois Argentina e Uruguai, dirigir pelas cidades históricas de Minas e Litoral Carioca, conhecer a "esquina" do Brasil lá no Norte, mergulhar em Noronha, andar de "pau-de-arara" em Jericoacoara, passar três dias viajando de barco no Rio Amazonas, beber Pisco Sur e Chá de Coca no Peru, mergulhar nas Galés de Maragogi e subir e descer ladeiras em Olinda foram algumas de nossas aventuras, porém sempre de alguns, às vezes muitos, dias. E nessas aventuras sempre brincamos de eleger lugares onde um dia ainda iremos morar - Barcelona, Paris, São João Del Rei, Santarém, Buenos Aires, Recife... já houve ocasião em que quase demos uma de loucos e nos mandamos para Barcelona por nossa conta e risco, quando Ismael foi aceito para uma vaga de doutorado. Mas não tínhamos bolsa de estudos, bateu o medão, não fomos...

Agora, passados 12 anos e meio juntos e bem vividos, algumas viagens de ensaio, um filho e uma mochilinha a mais para carregar, eis que nosso desejo pelo novo está prestes a se realizar no velho mundo: oui, Paris!!! Estamos embarcando para a aventura de viver um ano na Cidade Luz, no papel oficial de pesquisador, esposa e filho e no extraoficial de uma família disposta a experimentar tudo o que a cidade tem a oferecer e conhecer, explorar, degustar e absorver Paris nos mínimos detalhes. Se é que um ano é tempo suficiente para isso!

Dia de nossa viagem para a grande aventura