ITÁLIA - Dia 03: Cinque Terre - Siena

Ficamos encantados com Cinque Terre e pensamos que fazer o passeio de barco nos daria uma visão estupenda dos vilarejos, já que poderíamos ver de outro ângulo e fazer novas fotos fantásticas. Tomamos um bom café da manhã, e fomos nos informar melhor sobre o passeio de barco e horários da van. Demos muita sorte, pois na recepção estava trabalhando uma italiana que havia morado no Brasil por dois anos e falava relativamente bem português.

Como tínhamos que deixar o hotel até o meio-dia, fizemos o check-out e carregamos o carro com nossa bagagem. Aproveitamos o serviço da van no período que ainda nos restava de estadia e fomos até ao porto de onde partem os barcos turísticos (battello). Compramos um passe que dá direito a subir e descer em cada um dos vilarejos e ainda parava em Portovenere (lê-se 'portovênere'). Para cada desembarque poderíamos tomar o barco seguinte que passava a cada 30 minutos. Mas existia uma "janela" no horário do almoço, o que nos fez calcular onde passaríamos mais tempo. Por fim decidimos que iríamos descer em Portovenere e depois seguir direto até Vernazza, que seria o penúltimo vilarejo do trajeto. No dia anterior elegemos Vernazza como a mais convidativa das Cinque Terre e ficamos loucos para aproveitar a praia de lá. De Vernazza pegaríamos o trem de volta a La Spezia. Pagamos cerca de 25 euros por pessoa que valeram muito a pena. O trecho completo (La Spezia-Monterosso) leva cerca de 2h15.

Chegando em Portovenere, vista do barco...


Portovenere
Portovenere
Então a primeira parada foi Portovenere, cidade que não é considerada uma das Cinque Terre, mas que vale muito a pena conhecer. Tem um visual lindo e bastante peculiar. Caminhamos e exploramos ruelas, conhecemos uma capela, sempre de olho no relógio, no horário do próximo barco lá fomos nós seguir viagem.

Passamos por Riomaggiore, Manarola e Corniglia sem descer do barco, apenas aproveitando a vista fantástica e fotografando muito. Descemos em Vernazza e curtimos um delicioso banho de mar no Mediterrâneo. Foi especial. Depois de aproveitar um bocado, fizemos um lanche e fomos para a estação de trem, pegar o caminho de volta.
Curtindo uma prainha em Vernazza
Quando chegamos na estação de trem de La Spezia, pegamos um taxi até o hotel. Aproveitamos os banheiros da recepção pra trocar de roupa e seguimos viagem de carro até Siena... ou perto de lá...
Seguimos de carro e o GPS (a Gabriela) nos levou até nosso hotel que ficava a cerca de 8 km de Siena, próximo a um pequeno vilarejo, mas localizado exatamente no meio do nada. E que céu estrelado podia ser visto do terraço do hotel! Reservamos o novíssimo Montaperti Hotel (4 estrelas) pelo site Destinia.com, e pagamos 60 euros a diária, com café da manhã, berço e claro, estacionamento aberto e gratuito. Ali seria nossa sede pra percorrer a região da Toscana.
Percorremos cerca de 215 km de carro, optando pelas rodovias principais e pedagiadas pra ganhar tempo. No trajeto passamos bem próximos de Florença, e a tentação de visitar "Firenze" foi grande durante vários dias. Afinal, a cidade é belíssima e cheia de atrativos.

Nos instalamos no hotel, pedimos como de praxe alguns panfletos com informações turísticas da região e mapas. Pedimos dicas de algum supermercado próximo e o moço da recepção nos indicou um hipermercado em Siena. Pedimos ajuda pra "Gabriela" e o GPS nos levou a um paraíso do consumo, onde compramos comidas e bebidas pra consumir no hotel e nos passeios. Voltamos ao hotel e e fomos planejar detalhes do dia seguinte. Muita coisa pra conhecer em tão poucos dias...

ITÁLIA - Dia 02: Cinque Terre

Acordamos em tempo de tomar o café antes de pegarmos a van que já havíamos reservado na noite anterior. Tomamos mais algumas informações sobre como "funciona" Cinque Terre. Fizemos nossa mochila para passarmos o dia na rua e lá fomos nós.
Cinque Terre corresponde a uma região muito pequena da Itália na margem do Mar Mediterrâneo, onde estão localizados cinco povoadinhos no terreno super acidentado da região. O acesso de carro é difícil e existem três maneiras mais indicadas de percorrer a região: seguindo de trem, de barco ou a pé. A distância de trem entre alguns destes povoadinhos às vezes duram 3 ou 4 minutos, mas há trajetos que a pé podem levar até 2 ou 3 horas. Alguns trechos são de caminho calçado, outros de trilhas mais rústicas. O Parque Nacional de Cinque Terre foi considerado Patrimônio da Humanidade pela UNESCO. Daí, imagina só o lugar...


Decidimos ir de trem. Compramos um passe que valia para todo o dia, podendo subir e descer quantas vezes quiser. Pagamos algo em torno de 8 euros e achamos que vale mais a pena do que comprar cada trecho separado ao longo do dia (poupa tempo). A linha de trem é de La Spezia a Gênova. Na plataforma de embarque nos perguntávamos qual o melhor lado do trem para sentar pra poder ver o mar da janela. Enquanto filosofávamos, uma mulher brasileira se aproximou e começou a conversar conosco. Ela morava na Itália há uns 17 anos e estava passando o dia com o marido italiano. Acho que aproveitou pra matar a saudade de falar português conosco. Ela morava em Arezzo, uma cidade que estava sendo cotada pra finalizar nossa viagem. Ao perguntarmos pra ela se ela achava mais interessante irmos pra Arezzo ou Cortona, ela ficou meio dividida - então resolvemos ir pra Cortona (pois se ela que morava em Arezzo não defendeu a cidade...). Cortona é a cidade onde se passa a história do livro e filme Sob o Sol da Toscana. Mas isso era futuro.


O marido dela decidiu sentar do lado direito do trem, mas achei que não era esse o melhor lugar, então sentamos do esquerdo. (O trem parte em direção ao lado esquerdo em relação à entrada da estação de trem). Ao longo da viagem, demos sorte: o mar estava do nosso lado. Não que se veja muito mar ao longo do caminho, pois boa parte do percurso é por túneis. Nossa estratégia foi seguir até a última vila, Monterosso del Mare, e depois ir parando uma a uma no percurso de volta. Nos informamos sobre os trajetos a pé e nos recomendaram fazer apenas o último trecho Manarola-Rio Maggiore, a chamada Via Del Amore, já que estávamos acompanhados de um bebê.
Praia de Monterosso

Clima de verão! Demos um mergulho em Monterosso del Mare, a "Terre" por onde começamos nosso dia, pra refrescar tanto calor. A praia de pedrinhas maltratou os pés (leve chinelos). Praia lotada, não conseguimos espaço sequer para os três se sentarem, daí nos revezamos em pé fazendo sombra pro bebê...

Próxima parada foi em Vernazza, talvez o vilarejo que mais curtimos. Caminhamos bastante por lá, subimos no mirante do Castello Doria, de onde se tem uma vista linda, tanto do litoral recortado quanto da própria Vernazza. Por ali almoçamos, saboreamos um belo sorvete e continuamos nosso passeio.
Vernazza vista do mirante.
Vernazza é uma lindeza...


O próximo vilarejo foi Corniglia, é o de mais difícil acesso, uma escadaria infinita pra chegar até lá! Subimos todos os degraus da escadaria entre a estação de trem e o povoado. Na volta descobrimos que há um ônibus que leva o povo neste trajeto. Quase morri para subir carregando nosso filhote amarrado nas costas no sling. Foram 382 degraus. É o único dos cinco povoados onde o barco não não faz parada.
Depois de descer todos os degraus novamente, o que foi bem mais fácil, seguimos de trem para Manarola. Batemos uma perninha básica pela cidade, pois ainda seguiríamos a pé para o próximo vilarejo.

Manarola

A caminhada na Via Del Amore, depois de ter perambulado pelos quatro primeiros vilarejos, foi deliciosa e super tranquila. É uma calçada deliciosa de se passear... o sol se punha e a gente curtia muito toda aquela paisagem. Para andar na via é preciso pagar, mas como tínhamos o passe turístico do trem, apresentamos o bilhete e passamos sem pagar mais nada. Um casal foi barrado na bilheteria no início da via e teve que desembolsar (não lembro quanto - mais uma vantagem do passe livre de trem).
Via del Amore.

Um dia é suficiente pra conhecer as cinco cidades, mas é preciso se organizar. Como existe uma tabelinha com os horários dos trens, você pode programar quanto tempo gastará em cada lugar. Tem muita gente que vai veranear na região, mas os preços de pousadas e restaurantes não são tão suaves assim... 

Tempo de trem entre as vilas:
La Spezia - Riomaggiore - 10 min.
Riomaggiore - Manarola - 2 min.
Manarola - Corniglia - 4 min.
Corniglia - Vernazza - 5 min.
Vernazza - Monterosso - 5 min.
Perambular pelas ruelas dos povoados é fascinante. Mas prepare suas pernas: subidas e descidas e muitas escadas o esperam.

ITÁLIA - Dia 01: Paris - La Spezia

Há muito tempo que pretendíamos fazer uma viagem de carro pela região da Toscana, na Itália. Finalmente conseguimos e de quebra resolvemos ampliar nosso roteiro para outras cidades de regiões vizinhas, a Ligúria e a Úmbria. Já ouviu falar destes nomes? Até começar a definir o roteiro, nós não. Mas depois descobrimos que a Toscana é uma região linda... próxima de outras regiões igualmente lindas... ou mais. Será?

Nossa viagem começou em Paris, onde morávamos na época. Essa foi nossa última viagem antes de retornar ao Brasil, depois de morarmos por 11 meses em Paris e já termos viajado por outros sete países. Ganhamos alguma experiência em viagens de avião internas na Europa e em viagens de carro pelo velho mundo. Era nossa viagem de despedida. Era início do verão, época em que os campos de girassóis estão floridos. Época em que os dias são mais longos. Época em que sentar à sombra de uma árvore e ouvir o barulho do vento entre as folhas nos faz relaxar numa preguiça boa em um piquenique pelo interior. Época em o mar Mediterrâneo se torna possível de ser adentrado para um banho bom.

Decidimos iniciar e finalizar nossa viagem área por Pisa. Esse era o destino mais próximo que a empresa aérea EasyJet oferecia saindo de Paris para iniciarmos nossa viagem de carro. Pisa já havíamos conhecido quando mochilamos em 2001 pela Europa. Na época, paramos por duas horas na cidade quando vínhamos de trem de Barcelona à Florença (Firenze). Como a diária do Europass permitia trocas de trem sem gastos adicionais, aproveitamos e fomos a pé da estação de trem até os monumentos mais conhecidos, especialmente para ver a Torre inclinada. Em duas horas, conseguimos percorrer o centro antigo e visitar externamente os monumentos. Já tínhamos a sensação de ter estado lá. Pisa era a princípio nossa porta de chegada e saída, e se desse, visitaríamos no final. Nesta mesma viagem de 2001, visitamos também Florença, Roma e Veneza. Fizemos um troca de trem em Milão que nos permitiu passar 6 horas de madrugada na cidade (maior furada: imaginávamos uma cidade viva durante a noite mas não encontramos nenhum lugar aberto pra nos refugiarmos - conclusão, revezamos coxilos sentados num ponto de ônibus, pois até a estação de trem fechou durante um período da madrugada o que nos impossibilitou de entrar novamente pra dormir).

Nesta viagem, queríamos percorrer estradinhas bucólicas de carro e por isso decidimos evitar cidades grandes (e complicadíssimas de dirigir e terríveis de se estacionar). Por isso elegemos os povoados e cidades de menor porte, e mesmo assim, procurando hotéis mais afastados ou periféricos pois em alguns lugares é proibida a entrada de carros, e como não gostaríamos de ficar carregando malas (além da "malinha" de nosso bebê que na época tinha 1 ano e 7 meses...) Fizemos sempre opções de hotéis com estacionamento. Se isso significasse alguns quilômetros de distância, não seria problema para nós.

Aterrissando na Itália

Escolhemos um horário que tivesse bom preço e que nos permitisse chegar em horários convenientes para pegarmos o carro que já havíamos reservado na Sicily By Car. Em Pisa, quando se chega ao aeroporto, é necessário seguir até um outro pavilhão onde se encontram todas as locadoras de veículos (várias empresas mesmo). Dá pra ir a pé ou tomar um ônibus gratuito que fica circulando. O trajeto é realmente pequeno, tanto que perdemos o ônibus e resolvemos ir a pé. A comunicação no guichê do carro foi em inglês. Pegamos o GPS com a opção de idioma "português do Brasil" e na voz feminina fomos com "Gabriela" circulando Itália à fora. Estranhei que no formulário do Peugeot 107 não constava nem a quilometragem já percorrida e nem a sinalização de riscos na lataria. Daí questionamos e o cara disse que não precisava. Achamos muuuito estranho. Encontramos o azulzinho no estacionamento e depois de carregarmos a bagagem, instalarmos a cadeirinha do Joaquim e sentarmos dentro do veículo é que entendemos o italianinho: o carro marcava 6 km. Sim, um carro zero quilômetros pra nossa aventura!! Uhuuuuuuu!!!

Seguimos empolgados até nosso primeiro hotel na cidade de La Spezia, região da Lígúria, há 80 km de Pisa. Em La Spezia não queríamos nada além do pouso. Nosso objetivo era firmar ali nossa base, deixar o carro em segurança e seguir de trem, no dia seguinte, para Cinque Terre.

A viagem foi tranquila. No caminho, em certo momento do final da tarde, vimos algumas montanhas "nevadas". Eram altas, lindas, com a "neve" seguindo do alto até o chão. Estranhamos porém, pois estávamos mais ou menos ao nível do mar e em pleno verão. Que diacho de neve era essa que seguia até o chão mas numa região que não estava fria? Em seguida passamos por um placa que indicava: Carrara. Rimos de nossa "ilusão" e ficamos fascinados com a visão das montanhas de mármore.

Chegamos ao Hotel Ghironi (4 estrelas) que possui um estacionamento aberto. Ele fica distante da estação de trem e de barco, mas oferece um serviço gratuito de transfer com várias opções de horários (era preciso se inscrever pra reservar o horário na van, tanto pra ir quanto para voltar).
Fizemos a reserva de duas noites pelo Booking.com. Pagamos tarifas diferentes, um dia 109 euros e no outro 99, incluido café da manhã, berço e o estacionamento (há hotéis na Europa que cobram pelo estacionamento).

Já vinhamos planejando esta viagem para ser realizada há cerca de três meses, mas devido a um problema com passaporte tivemos que cancelá-la. A maior parte do roteiro foi mantido. O que realmente mudou foi o começo e fim da viagem. Havíamos planejado chegar na Itália por Milão, pois o preço da passagem naqueles dias compensava, mas principalmente por que da Itália seguiríamos para a Grécia, e de Milão havia vôos para Atenas. Como retiraríamos e devolveríamos o carro no mesmo aeroporto, Milão se tornou a opção. Daí nossa cidade de base para Cinque Terre seria Rapallo (cerca de 160km de Milão - de Milão a La Spezia são cerca de 220 km). Rapallo fica no outro lado de Cinque Terre (entre Gênova e Cinque Terre), utiliza a mesma linha de trem e parece ser uma cidadezinha bem bonita.