Primavera em Paris

Por que amamos a primavera em Paris...
...porque o frio começa a ir embora e a cidade começa a pipocar de canteiros de tulipas
[foto: Parc Buttes Chaumont]



... porque embora o Jardin des Touleries seja sempre bonito...
... na primavera suas esculturas parece que ganham vida.

... e o reflexo da fonte ganha cor e personagens aproveitam o sol.
[Jardin des Tuileries]

... e porque o Jardin des Tuileries deixa o Museu do Louvre com mais cor.

... embora Notre Dame seja sempre linda...

... o verde nas bordas do rio Sena fica escandaloso...

... e Notre Dame fica ainda mais impressionante.

Ah, o inverno no jardin de Reuilly-Paul Pernin,
no percurso do  Promenade Plantée...
(fevereiro)
Ah... a primavera quando chega...
 (maio) 


Ah, o Promenade Plantée no inverno...
Ah, o Promenade Plantée na primavera...
     
 Amamos Paris na primavera...


... porque passear no Promenade Plantée é mais inspirador.


... porque o mercadinho de flores perto de Notre Dame fica ainda mais fofo.

... porque até sentar num café, na calçada, se torna uma cena digna de ser pintada por um artista.

... porque passear no Jardin des Plantes mexe com todos os seus sentidos.

... porque tulipas são do tamanho da Torre Eiffel.

... porque as cores da cidade, e do céu, ficam espetaculares.

... porque um gramado pode virar um céu de margaridinhas.
... porque passear de bicicleta te conduz ao céu.

... porque é quando acontece a Maratona de Paris e a gente pode ir para a rua desejar "bon courage" aos corredores e curtir música ao vivo ao longo do trajeto.

... porque os canteiros de lavanda perfumam o mundo.
... porque o Parc de Bagatelle (no Bois de Boulogne) explode em dezenas de inimagináveis tipos de rosas.

... porque nossos olhos brilham muito com tantas cores e formas de milhares de flores no Parc Floral (no Bois de Vincennes).

..porque qualquer gramadinho chama muuuuita gente pra fazer piquenique.
[Parc Buttes Chaumont]

... porque as bordas do Canal de l'Ourcq chamam muuuita gente pra fazer piquenique no final do dia.

... porque as pessoas são felizes em piqueniques.
[Canal de l'Ourcq]

... porque dá pra fazer piquenique em qualquer canto da cidade, especialmente na Pont des Arts.

... porque o dia vai terminando cada vez mais tarde, e se despedir do sol é uma festa.
[Pont des Arts]


O começo da primavera, em 21 de março, começa ainda frio, com as folhas brotando novas em tons de verde claro. Os canteiros começam a ser replantados, os gramados nos parques a serem liberados pro público. Os dias vão ficando mais longos e os parques abertos até mais tarde também. Cada flor tem sua época: as tulipas brilham no começo da primavera, e vêm as papoulas, e tantas outras como as lavandas tem sua época esplendorosa. Quando chega o verão, em 21 de junho, o dia escurece lá pelas 23h... e Paris está vibrando com a chegada do verão!

Lugares imperdíveis na primavera (clique para mais informações): 

Programas deliciosos na primavera:
  • passeio de barco no Sena
  • passeio de bicicleta no Bois de Vincennes
  • piqueniques no final do dia: na Pont des Arts, na beira do Canal de l'Ourcq
  • piquenique em qualquer lugar quando der vontade. Por isto sempre levamos uma canga na mochila.
  • assistir na rua a Maratona de Paris e abanar e incentivar os corredores. Um local perto de um grupo de música ao vivo é perfeito. 
  • visita ao mercado de flores perto da catedral de Notre Dame.
  • visitar os jardim ao lado e aos fundos da catedral de Notre Dame.
  • flanar por Paris.
Fotos da primavera de 2011 (abril, maio e junho) ou do inverno de 2011 (fevereiro).

FRANÇA - Mont Saint-Michel (primeira experiência de carro na Europa)

Quando fomos morar em Paris por um ano, em 2010-2011, tínhamos o desejo de viajar muito pela Europa. Já estávamos há quase dois meses e era grande a vontade de dar uma fugidinha de Paris em um final de semana, para começar a explorar a "vizinhança". Um dos problemas era escolher o destino - as opções são muitas!!! 

Algumas vezes, quando chegava a sexta-feira, a gente se olhava e via que estava em cima da hora pra resolver algo. Até que finalmente tomamos uma atitude: alugamos um carro por um final de semana. Fuxicando pela internet, vimos uma promoção de locação de carro por 3 dias no final de semana. Preenchemos o cadastro e, quase num susto, decidimos viajar. Então só precisávamos decidir o destino. 

Pensamos em três opções: o Vale do Loire; as praias do desembarque, na Normandia; ou Mont Saint-Michel. Queríamos os três lugares, mas consultando alguns colegas franceses de meu curso, nos desaconselharam "tentar" tudo isso em apenas 3 dias... Desejo de brasileiro de querer fazer caber tudo em uma única viagem, eita nós!! Daí que resolvemos ir a Mont Saint-Michel. 

A gente nunca tinha ouvido falar em Mont Saint-Michel, desculpe aí... Foi uma amiga brasileira que estava de férias em Paris e que veio nos visitar pouco antes de nossa decisão que nos falou deste lugar mágico. Ficamos curiosos depois da visita (ela estava lamentando que não iria conseguir ir a Saint-Michel durante suas férias na França...) e fomos dar uma pesquisada na internet, descobrimos que é o segundo lugar mais visitado da França, depois de Paris! U-la-lá!! Logo as primeiras imagens já nos fascinaram.

Esta curta viagem começou cheia de emoções. Sobrevivemos a todas então só restam histórias bonitas pra contar.

Aline foi sozinha de metrô buscar o carro. Nunca, em trocentos anos de direção no Brasil, foi parada pela polícia. E em Paris, dirigindo há apenas 5 minutos, se viu perseguida pelo carro da guarda municipal fazendo sinal para parar. Tranquila e sem pânico, encostou o carro meio que rindo e pensando "ai, ai, lá vamos nós!". Entre várias coisas que o policial - muito gentil e educado  - falou, foi "feu rouge" (ou algo que o valha), o que aos nossos ouvidos brasileiros soa como "ferrugem".  "Será que tem alguma ferrugem na lataria do carro!?!?!?!". Alguns segundos depois o botãozinho do francês foi ligado e ficou mais claro: rouge=vermelho... sinal vermelho!! Só podia ser... e era. 

Com cara de constrangida e enquanto mostrava passaporte, licença internacional para dirigir, carteira de habilitação e recibo de aluguel do carro, foi explicando, como dava, que era a primeira vez que dirigia em Paris e que havia acabado de pegar o carro na locadora. Convencido, o guardinha foi super gente fina e só falou para prestar mais atenção - "Bien sûr, monsieur!!!" (Com certeza, senhor!!). E o segredo todo é esse, atenção, não dá pra ter pressa no trânsito em Paris, pois pedestres SEMPRE tem preferência, assim como as bicicletas. Então é preciso ter vários pares de olhos atentos em todas as direções. Outra coisa é que o sinal amarelo praticamente não existe, entre o verde e o vermelho, tem uma piscadela amarela, então não é como no Brasil - "ah, ainda dá tempo..." - não dá.

Esta foi a PRIMEIRA "emoção do dia": 


Chegando em nosso apê, carregamos o carro, um Panda, da Fiat, super compacto e uma gracinha. Fizemos uma ginástica pra ajeitar a cadeirinha de Joaquim, programamos o GPS (era a primeira vez que a gente via e usava um na vida e a mocinha da agência não fez muita questão de explicar como funcionava...) e saímos pras bandas de Mont Saint-Michel sem saber exatamente onde dormiríamos. 

Bem, depois do carro carregado, saímos do 15º arroundissement, onde morávamos. Andamos quase dois quilômetros por Paris, fizemos algumas curvas, passamos pela pela ponte de Mirabeau, sobre o rio Sena, até que dois carros começaram a buzinar pra gente num semáforo. Aline ficou indignada: "que foi agora?! O sinal tá fechado!". O sinal abriu e um cara passou fazendo sinal. Desci pra ver a traseira do carro... sei lá, vai que ficou uma porta meio aberta? Mas qual o quê: era "apenas" o notebook que eu havia deixado sem capa nem mochila em cima do carro, enquanto ajeitava a bagagem... Jisuis... toda minha vida ali, tomando um ar puro sob o céu de Paris... santas borrachinhas que não deixam o notebook ficar dançando em cima da mesa, neste caso, em cima do carro! Essa foi apenas a SEGUNDA "emoção do dia".

Havíamos programado o GPS pra fazer o caminho mais curto, o que não corresponde necessariamente ao mais rápido, já que pega estradas secundárias e com limite de velocidade menor. Adoramos! Fomos sendo guiados pra fora de Paris e de repente, a TERCEIRA "emoção do dia": demos de cara com o Palácio de Versailles, assim, de repente, sem esperar. A gente esteve lá fazia poucas semanas, mas não esperava encontrá-lo assim, sem querer..rsrs Passamos na frente e contornamos a lateral dos jardins, super radiantes.



O GPS foi nos levando e, de tempos em tempos, mandava a gente entrar numas ruinhas secundárias da estrada. Daí descobríamos umas vilas pequenas e simpáticas de uma França diferente do que conhecemos até hoje. Várias emoções no dia. 



Ah, os primeiros campos amarelos de canola...
Seguimos caminho, a viagem foi ficando longa, então programamos o GPS pra fazer o caminho mais rápido, o que significaria não entrar em tantas ruelas. Mas é impossível... O caminho mais adiante estava repleto de pequenas cidades e vilas com casas de pedras, lindas demais.


No caminho fui lendo para nós informações sobre o Mont Saint-Michel (o motivo de eu ter deixado o notebook à mão...). Lemos um relato lindo e emocionante de uma pessoa que visitou Saint-Michel e ficamos conversando sobre como essa viagem era simbólica pra nós também.
Na estrada tinha uma placa. E no alto, uma cidade: Ville de Domfront.


Já na estrada, ainda não sabíamos exatamente onde domiríamos àquela noite - e chegaríamos a noite, pois a viagem já estava tomando mais horas do que planejamos. Como Saint-Michel é pequenina e os hotéis costumam estar lotados, vimos recomendações de hospedagem em PORTONSON, uma vila próxima. Joaquim começou a ficar cansado das quase 7 horas no carro (a volta levou 3 horas apenas...). 

Em algum lugar, num relato de viagem, alguém falou de uma cidadezinha legal, AVRANCHES, e resolvemos, quase no trevo, dormir lá. Chegamos na cidade, sem conhecer nada, e começamos a procurar um Ibis, por ter ideia de preço e padrão. Por fim, ficava fora da cidade e perguntamos em um hotel mais no centro o valor da diária: 114 euros - sem café. Ahhhhhh!!! Ao lado, outro hotel que achamos meio chulézinho, mas... Perguntamos lá: 48 euros! Pedimos pra ver o quarto: todo limpinho, espaçoso e colocariam berço pra bebê. Nos instalamos e resolvemos ficar as duas noites. Mais uma emoção no dia: ficando duas noites, cada uma passava a ser 40 euros por noite. Ueba!

Ficamos então no Hotel Patton, em Avranches. Hotel pequeno, bem aconchegante, com berço para bebê, cadeirão confortável no café da manhã, aqueceram sopa pro Joaquim, guardaram coisas na geladeira (não tinha frigobar no quarto), cama confortável, banheira e chuveiro, tudo muito limpo. Ficamos no segundo andar (tem 3), com elevador. O que mais alguém viajando com um bebê de 11 meses poderia querer?

Na manhã seguinte, nos arrumamos, tomamos um café da manhã super gostoso (6 euros pra cada) e tinha até itens pro Joaquim, como banana, maça, uns potinhos de um purê delicioso e suave de maçã, iogurte e, claro, baguete.

Saímos com nosso super GPS. De Avranches a Saint-Michel são aproximadamente 30 km. J
á na estrada avistamos de surpresa le Mont Saint-Michel. Aliás, ver o Monte de longe é possível de diversos pontos... quando estávamos indo, faltavam ainda mais de 10 Km para chegar e já estávamos sendo acompanhados pela imponente presença da edificação, que ia ficando cada vez maior e mais impressionante. É de emocionar. 



Lindo demais! Quanto mais nos aproximávamos, mais fotos queríamos tirar. Foi fantástico. 



Estacionamos o carro e enquanto nos arrumávamos pra desbravar o monte, um casal mais adiante estava ajeitando o bebê no sling nas costas. Achamos a idéia ótima e amarramos Joaquim pela primeira vez nas costas (super aprovado!). Pois se tem uma coisa que não é nada prática em Saint-Michel é carrinho de bebê, pois tem muitas escadas o tempo todo. Joaquim amarrado, todos prontos e lá fomos nós, chegando pouco a pouco perto da maravilha.




Entramos nas muralhas, passamos as casinhas e poucas ruas medievais, fotos, fotos, paisagens fantásticas. 



No canto esquerdo se vê a placa de La Mère Poulard que ser um omelete famoso há séculos. Não fomos... turístico demais pro nosso perfil.
Logo na entrada, encontramos o vilarejo que consiste em lojas e restaurantes, comércio que provavelmente já existia na época de origem, mas provavelmente, ao invés de souvenirs e comida típica, eram vendidos tripa de porco e pelego de ovelha. Soubemos que mais ou menos 40 pessoas ainda moram dentro das muralhas, e há também alguns hotéis ali.
Dá pra ver informações aqui, no site oficial.

Joaquim dormiu, como sempre. E bem aconchegado às costas da mamãe. Diversos casais com filhos e com bebês andavam por lá, alguns de sling, outros em cangurus. Sobe, sobe, sobe mais... De repente você lembra que tudo aquilo começou a ser construído em 708, há mais de 1.300 anos atrás. 


Muita história... e a paisagem que se vê de lá de cima é incrível.


Muitas coisas sobre o lugar impressionam: lá ocorre uma das marés mais altas do mundo. Na maré baixa, a distância entre o Monte e o mar chega a 18km. Dizem que é por isto que a cidadela murada nunca foi invadida por inimigos e por isto ela foi mantida por todos estes séculos intacta.
Informações no audioguia (não é celular, não!)
 

Um dos programas é caminhar pela areia. Mas somente pessoas acompanhadas por guias é que podem ir.
Não tivemos sorte em ver o show da maré. Consultando a tábua de marés, pode-se verificar os dias onde se vê o galopar veloz da maré subindo e descendo, cobrindo e descobrindo esse areal todo.

Mont Saint-Michel é um local de peregrinação religiosa. Além do pequeno vilarejo intramuros, existe a abadia que ocupa a maior parte do monte. Paga-se pra visitar. E pague! É maravilhoso conhecer as diversas instalações. Com um audioguia, o passeio fica ainda mais bacana. E é bom preparar suas pernas. Escadas não faltam!




Ao chegarmos na igreja, vimos que uma missa estava em andamento. Todos os dias, às 12h15 tem missa aberta a todos. Quando entramos, monges e freiras estavam entoando um cântico gregoriano que ressoava naquela imensidão. É indescritível a emoção de ouvir a música ressoando pelas paredes de pedra, intercalada com silêncios, enquanto a luz do sol entra pelos vitrais marcando o ar esfumaçado. A fala pausada do padre, toda movimentação do clero... fantástico, repleto da presença serena de Deus. Foi um momento mágico para cada um de nós que não esqueceremos jamais!



Dentro da igreja.
Detalhes das gárgulas da abadia.
Conhecemos Saint-Michel num dia bom, o movimento de turistas era contido, não estava abarrotado de gente, pudemos caminhar tranquilamente nas ruinhas estreitas. Com exceção dos grupos de excursão, que quando chegavam iam dominando todos os espaços, e nós fugíamos rapidinho.
No "fogão" da cozinha da abadia.

No claustro.
São muitos ambientes, cheios de tempo e história. Janelas e portas, luzes e sombras. Uma viagem no tempo.

Em uma espécie de galeria de arte sacra, de memória arquitetônica do local, encontramos uma cópia em tamanho idêntico ao arcanjo São Miguel que fica no topo da abadia.
Medieval?

Um flagrante do tempo. Olhando pro alto, pro Saint-Michel, vimos um avião cruzando o céu imensamente azul.
O dia foi maravilhoso. Perambulamos mais um pouco pela vila, pra mais muitas fotos. Alguns museus nós não visitamos, tudo em torno dos temas medievais e religiosos. 


Olha São Miguel lá no alto!
Tínhamos lido também sobre outra cidade, alguns quilômetros adiante, Saint Malo, e resolvemos dirigir até lá pra aproveitar o resto do dia. 



Chegando lá, logo procuramos a cidade antiga, murada. Andamos pelas muralhas e ruas da cidade medieval e vimos o dia findando.




É possível dar a volta inteira na cidade por cima das muralhas. Bela vista da cidade e do mar.

 



Também circulamos pelas ruelas e aproveitamos pra fazer um lanchinho. Saint-Malo está na Alta Normandia e Avranches na Baixa Normandia. Saint-Michel tá li, pelo meio. A região é conhecida pela produção de cidra e suas comidas típicas. Os detalhes aqui e ali sempre nos encantamm


Já escuro, voltamos os mais ou menos 70 km até nosso hotel. Ainda demos uma voltinha por Avranches pra comer uma pizza. Domingo a noite, clima silencioso por toda parte.



Na manhã seguinte, demos uma volta por Avranches, mais fotos, muito frio. O lugar é bonito, mas depois de Saint-Michel, tudo fica ofuscado.


Dia amanhecendo. Vista da janela do quarto do hotel.

Belíssima catedral de Avranches.

As gárgulas são fascinantes.

Ruínas de um castelo.
 Há um parque bem simpático em Avranches de onde se tem uma vista fantástica de Mont Saint-Michel.


Prontos pra voltar a Paris, ainda tivemos mais uma emoção.

Outra aventura em relação ao carro foi abastecer. Primeiro porque teríamos que descobrir como se faz, uma vez que aqui os postos são self-service, no melhor estilo "se vira, camarada!!". Pegamos o carro na locadora e saímos de Paris com o tanque cheio. Fizemos todo o passeio e no domingo, antes de pegar a estrada de volta o marcador indicava que estava entrando na reserva, até aí estávamos bem tranquilos. O stress começou quando, saindo de Avranches, paramos num posto e a bomba estava com um aviso hors de service (fora de serviço). Pensamos que seria melhor voltar e encontrar um posto na cidade, pois sabe-se lá a que distância seria o próximo posto na estrada. Voltamos. Estivemos em três postos e nada... nos ocorreu que poderia ter algo a ver com a tal greve e crise que a França estava enfrentando, e aí?!?!?! 

Continuamos nossa busca... graças a Deus achamos a essence 95 sans plumb (gasolina 95 sem chumbo), que era o que precisávamos. Enchemos o tanque e pegamos a estrada. 

A viagem de volta foi tranquila, para nosso alívio os pedágios funcionam como no Brasil, com uma pessoinha para receber o dinheiro. 

Mas outro stress começou chegando em Paris. Nós teríamos que devolver o carro com o tanque cheio, para não pagar o absurdo que eles cobram na locadora pelo litro da gasolina. Fomos ao posto mais próximo de casa, dando a viagem por encerrada, era só encher o tanque e pronto... ledo engano! Hors de service... foi o aviso que lemos em outros tantos postos que encontramos... até que encontramos um posto com combustível, nem tão longe de casa... ufa! Mas como ainda não tínhamos pego a manha de encher o tanque, ao sair do posto vimos que o marcador indicava o tanque "quase" cheio, mas não totalmente... E não é que o carinha da locadora, na hora da devolução, queria cobrar a diferença!?! 

Contra-argumentamos dizendo que foi muito difícil encontrar combustível, que tivemos que rodar muito e coisa e tal... por fim, ele foi camarada e não cobrou. Mas tivemos uma noção de como a situação estava crítica quando, enquanto aguardávamos para fazer a devolução do carro, vimos um cara saindo meio indignado porque estava alugando um carro com o tanque quase vazio e não tinha a mínima ideia de onde encontraria combustível... e o mocinho da agência não sabia o que dizer... 

Depois lemos que quase dois mil postos na França estavam sem combustível naqueles dias. As refinarias de petróleo aderiram à grave contra a reforma no sistema de aposentadoria que estava sofrendo uma reforma no país. O caos estava feito. Saímos respirando aliviados por termos devolvido o carro.

A viagem de ida de Paris a Avranches, que levou 7 horas de duração, levou apenas 3 horas na volta. Optamos pela autoroute (rodovia). Estradas ótimas, com pedágio, pagamos 4 pedágios no trecho que fizemos, total de mais ou menos 13,00 euros. Na verdade as autoroutes ganham em número de pistas, e limite maior de velocidade, porque em termos de qualidade de estrada, as secundárias todas eram muito boas também e muitos trechos em pista dupla. Dirigir na estrada aqui na França, e pelo que ouvimos falar, em toda a Europa, é muito tranquilo. Já em Paris, a coisa muda de figura.

Depois deste final de semana, nossas viagens podem ser contadas em "antes do GPS" e "depois do GPS". É a coisinha mais maravilhosa do mundo! Ele nos dá opções como pagar pedágio ou não, caminho mais rápido ou mais curto, e ainda avisa que o mais curto não é necessariamente o mais rápido, nem o mais econômico... foi essa nossa opção na ida, e amamos! Apesar da sensação de estarmos sendo vigiados o tempo todo, afinal, por mais que nos perdêssemos o tal GPS sempre sabia dizer onde a gente estava, a tranquilidade de ter "alguém" nos indicando o caminho o tempo vale cada centavo de euro pago! Nem cogitaremos alugar carro por aqui sem GPS!

E pra finalizar, antes de saírmos do Brasil, pesquisamos sobre carteira de habilitação para dirigir na Europa. Em alguns lugares dizia que é necessária a Permissão Internacional para Dirigir (PID), em outros dizia que a Habilitação brasileira é suficiente. Como Aline precisou renovar a carteira antes de vir para cá, resolveu fazer a PID também. Quando foi buscar o carro na locadora, levou a Permissão Internacional mas quando mostrou o documento, a mocinha pediu o documento do país de origem... voi lá!

O carro que alugamos era um xuxuzinho, um Panda da Fiat, bem pequeninho e super gostoso de dirigir. Pegamos a opção mais barata, mas o carro era completo, com direção hidráulica, vidros elétricos, ar condicionado, etc. Não sei se aqui existem carros mais básicos que isso... A locação para três dias ficaria em 114,00 euros, mas a cadeirinha para o Joaquim é um opcional pago a parte (28,00 euros) e o GPS também (10,00 euros por dia), e ainda tem impostos e seguro opcional, combustível, pedágios, etc. Ou seja, alugar um carro não é das coisas mais baratas por aqui, mas é muuuuuito bom! É ótimo ter a liberdade de ir e vir quando a gente bem entender, e parar quando e onde quiser...

A viagem a Mont Saint-Michel foi uma decisão repentina e muito acertada. Foi uma viagem maravilhosa de carro, nossa estreia pelas estradas europeias.

Donc, voilá! C'est ça. C'est fini.

outubro de 2010.