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Viagens inspiradas

Outro dia filhote tinha uma tarefa da escola sobre Diários de Viagem. Pense numa mãe e num pai empolgados com a tarefa!! Lá fomos nós remexer na caixa de memórias!! Literalmente, pois temos uma caixa-baú com mapas, tickets de viagem e diários, muitos diários com registros de nossas aventuras. 

Diários de viagens

Foi uma delícia viajar no tempo e, entre tantas memórias, lembrar de uma "categoria" de viagem que meio que inventamos pra nós - as Viagens Inspiradas... vou explicar.

Nosso primeiro mochilão internacional aconteceu no ano de 2001. Lembro até hoje das emoções: a compra das passagens online, que chegaram pelo correio!!! Aquele envelope estiloso com os bilhetes em papel cartão...; a definição do roteiro e compra das passagens de trem para percorrer a Europa em 28 dias; a dúvida entre fazer reservas nos Hostels com antecedência ou viver a vida loca... obrigada ao amigo Hialmar, por nos aconselhar a fazer pelo menos parte das reservas!...

Mas de todas as lembranças dos preparativos para a viagem tem uma em especial que me aquece o coração. Naquela época a internet ainda não era tão presente em nossas vidas, nós até compramos as passagens e fizemos algumas reservas online mas, para dar uma ideia mais concreta: viajamos com máquina fotográfica analógica e 10 rolos de filme de 36 poses; levamos um Discman e um case com 20 CD´s para garantir música durante os trajetos; não tínhamos celular e pagamos pequenas fortunas para ligar para nossas famílias pelo menos uma vez no meio da viagem; carregamos um mapa mundi todo dobradinho onde marcamos nosso itinerário com canetão conforme ele ia acontecendo e, agora vem a memória de aquecer o coração: 

"Antes da partida, visitamos alguns sebos e compramos várias revistas de viagem com matérias sobre os destinos que estavam em nossos planos, para pesquisar e planejar o que ver e o que fazer em cada etapa da viagem"

Foi incrível!! Passamos algumas noites no chão da nossa sala, rodeados de edições já lidas e folheadas da Viagem&Turismo, Minha Viagem, entre outras, lendo sobre Paris, Veneza, Roma, Barcelona, etc... e nosso caderninho, onde anotávamos avidamente as dicas, segredos e informações sobre tudo e mais um pouco. Nossa viagem começou aí!! 

E foi quando nasceu nossa categoria de "Viagens Inspiradas". Folheando aquelas revistas, nos inspiramos muito em fotos de lugares que sequer imaginávamos que existissem! E outras de lugares clássicos que precisávamos ver com nossos próprios olhos e lentes.


A inspiração

Uma das primeiras fotos inspiradoras que eu me lembro foi de uma matéria sobre os pueblos blancos, na região da Andalucia, Espanha. Vimos uma capa de revista com a foto do carro da equipe de reportagem parado em uma estradinha de terra com o pueblo de Arcos de la Frontera ao fundo, no alto de um penhasco. Decidimos que queríamos "viver" aquela foto, aquele lugar. 

Entre a inspiração e o evento correram alguns anos, mas fizemos acontecer!! E essa é a nossa versão da foto que vimos na capa da revista:

Conhecer o lugar foi incrível! E procurar o ponto exato da foto foi muito divertido!!!


A experiência: Na virada de 2010 para 2011 fizemos uma viagem de carro percorrendo Portugal e Espanha. Incluímos essa passada pelo pueblos blancos, em busca da foto de capa de revista.


A inspiração

Ao pesquisar sobre a Andalucia vimos outra foto que fez nossos olhinhos brilharem! Uma ponte construída no século XVIII que divide a cidade de Ronda entre a parte antiga e "nova", e que ficava em nosso caminho para a cidade de Málaga! Claro que decidimos ir lá fazer nossa própria foto desse lugar incrível!!!

A incrível geografia de cidade de Ronda, Espanha.


A experiência: Passamos por Ronda no final do dia, vimos um pôr-do-sol inesquecível, caminhamos um pouco pela ponte, centrinho antigo e ficamos com muita vontade de ficar um pouco mais, mas já tínhamos reserva de hotel no próximo destino, então este foi um dos tantos lugarzinhos da vida que deixou aquele gostinho de "quero mais"!


A inspiração

Em uma dessas revistas compradas no sebo havia uma matéria sobre uma viagem de carro pela região da Toscana, na Itália. Era algo inimaginável para nós na época, recém-casados, ainda estudantes, nem carro tínhamos no Brasil!! Tudo bem que estávamos realizando o sonho de mochilar na Europa, mas daí para alugar um carro por lá ainda tinha um chão para percorrer... e percorremos! 
10 anos depois de ver aquela matéria na revista estávamos nós dirigindo e desbravando a Toscana.



O relato completo dessa aventura começa AQUI, é só ir clicando em "Postagem mais recente" ao final de cada post para seguir a linha do tempo ;)


A experiência: Percorrer a Toscana de carro é algo "apenas" mágico. É como dirigir em meio a pinturas e cenários de filmes. Nós começamos a viagem parando em cada curva onde víamos meia dúzia de girassóis, sem saber que a paisagem se encheria cada vez mais deles!!!



Um "mal" do qual sempre sofremos é o de querer fazer render todas as nossas viagens. Não é nem porque a gente acha que nunca mais vai voltar e precisa aproveitar. Acho que é justamente porque a gente sempre acha que vai voltar, então achamos melhor ter um panorama geral na primeira vez, rsssss... Essa nossa primeira viagem de carro pela Itália, acabou abrangendo as regiões da Ligúria, Toscana e Úmbria


A inspiração

A região da Úmbria entrou no roteiro por conta de uma foto que vimos, e nos apaixonamos, da Civitá de Bagnoregio. Uma cidadela medieval no topo de uma montanha cujo único acesso é uma passarela para pedestres. 



A experiência: Quando vimos a foto deste lugar nos pareceu surreal, impossível que isso existisse ainda em nossos dias.... precisamos ir até lá para conferir! Além desta foto que fizemos a partir do estacionamento, fizemos inúmeras outras a medida em que percorríamos a passarela empurrando o carrinho com o bebezão Joaquim ladeira acima!! E a falta de fôlego valeu a pena!

Explorando a Civitá di Bangnoregio


A vontade de dirigir por estradinhas charmosas e apaixonantes da Europa despontou em nós ao lermos  aquela matéria da revista do sebo sobre os caminhos da Toscana. Mas nossa primeira experiência de fato aconteceu na França, quase um ano antes dessa viagem incrível pela Itália e nove anos depois de ler a matéria inspiradora na revista. 


A inspiração

Dessa vez não foi a foto que veio primeiro. Morávamos já há quase três meses em Paris e ainda não tínhamos colocado o pé na estrada, algo que havíamos nos proposto fazer no período de um ano de moradia na França por conta dos estudos de Ismael. Até que um final de semana resolvemos aproveitar uma promoção de aluguel de carros e pegamos um carango. Com o carro garantido faltava definir o destino. Conversando com amigos do curso de francês, surgiram dicas como as praias da Normandia, Vale do Loire e Mont-Saint-Michel. Pesquisando na web, deu vontade de ir aos três destinos, mas as fotos de Saint-Michel nos hipnotizaram. Que loucura é esse lugar que muda incrivelmente de acordo com a maré!!


Conforme nos aproximávamos do monte, as fotos ficavam melhores e mais hipnotizantes!




A experiência: O relato dessa viagem memorável está AQUI. Foi realmente especial!! Desde a experiência inédita de carregar Joaquim no pano como uma mochilinha nas costas, percorrer as ruelas do vilarejo, até a vivência transcendental de assistir uma missa dentro da Abadia. Foi lindo demais!

Já na era das redes sociais, lá em 2012, mais um destino surgiu em nossa lista de desejos totalmente motivado por uma foto. Uma amiga nossa, que mora na França, curtiu uma foto postada por outro alguém, de uma cidade medieval agarrada a uma falésia... absurdamente lindo!!!


A inspiração


Lembro até hoje de Ismael me mostrando a foto, nossos dois queixos caídos... resolvemos pesquisar. Descobrimos a encantadora comuna de Rocamadour - roc amator, amante das rochas. Não demorou muito e pegamos o trem!

Claro que fizemos nossos próprios registros, precisávamos ver para crer!!

É lindo demais, de noite e de dia...

De perto e de longe...




Em nossas andanças de carro volta e meia víamos ciclistas percorrendo trajetos entre uma cidade e outra. Nessa viagem para Rocamadour, numa das tantas paradas no mirante para admirar a cidade "pendurada nas rochas" nos deparamos com um grupo de terceira idade fazendo turismo de bike. Talvez motivados pela ideia de que, se a terceira idade pode, nós, meros mortais sedentários talvez também possamos... Foi a primeira vez que pensamos: "opa! tá aí uma ideia!!!". 

Essa inspiração rendeu! E o relato da nossa aventura de bike pelo Vale do Loire, em 2017, está AQUI.
(é só ir clicando em "Postagem mais recente" ao final de cada post para seguir a linha do tempo ;)

Que a vida, as fotos, os artigos e relatos sigam nos inspirando sempre!!

ITÁLIA - Dia 08: Orvieto - Cortona

Casa Selita e Orvieto nos conquistaram por demais. Se algum dia alguém for para a Itália, siga nossa sugestão. Espero que curtam tanto quando nós esta hospedagem e a cidade (verão, prefira o verão!!). Depois do café da manhã na varanda, ainda fomos de carro a Orvieto (confesso que dirigir por 3 minutos é meio estranho, mas estava muito quente e Aline ainda não estava 100% bem) e fomos visitar alguns lugares da cidade. Orvieto tem muitas opções de lugares pra visitar internamente (museus, igrejas, etc), muitos ligados a história e presença etrusca lá nos antigamentes, ao período medieval e ao Renascimento, claro... Optamos por uma viagem mais externa, então não aproveitamos tudo que Orvieto e as demais cidades oferecem. Mas de Orvieto, havia algumas coisas que precisávamos fazer antes de ir embora. Uma delas era era subir na torre do relógio. Pra alegria geral, tem elevador quase que até ao topo, o que é um luxo em se tratando de monumento para se ter uma vista do alto na Europa.
A vista do alto da torre do relógio é fantástica, se vê toda cidade, em 360º. Pode-se ver o sino de perto... e até pudemos ouvir suas badaladas quando estávamos lá em cima. Altas emoções rsrsr...
O Duomo se destaca na paisagem, gigantesco!
Nos dois dias anteriores, sempre demos uma passadinha pelo Duomo, pois ele é realmente belo em sua decoração exterior. Então pensamos em visitá-lo também internamente, depois de tirar zilhões de fotos de detalhes externos.
Joaquim descansando um pouquinho em uma das portas. Os relevos no bronze são impressionantes.
Que tal observar detalhes como os mosaicos desta coluna? Na foto da porta pode-se ter uma idéia desta conluna no conjunto da fachada. 
Por fim, nos dirigimos ao Duomo e descobrimos que há uma pequena área que é possível visitar sem precisar pagar ingresso. Satisfeitos com essa pequena incursão, já de olho no relógio, decidimos seguir viagem.

Voltamos à Casa Selita em cima do horário pra deixar o quarto. Empacotamos o que ainda faltava rapidamente e carregamos o carro, já iniciando o percurso da volta.
Nosso destino: Cortona. Cerca de 100 km por estrada pedagiada, fluímos super bem até avistarmos no alto a cidade do filme Sob o Sol da Toscana. Tivemos que optar, por falta de tempo, entre Cortona e Arezzo, e depois do papo com a brasileira lá em La Spezia, decidimos Cortona - além de ter toda uma influência do filme, né.


Exibir mapa ampliado
Optamos novamente por um hotel afastado para ter o carro próximo do hotel. Resolvemos pagar mais caro por um hotel que tivesse piscina pois estava fazendo um calor fantástico de verão. Assim, reservamos pelo Booking.com o Corys Hotel RistoArte (4 estrelas) que pela internet tinha uma vista lindíssima. Ao preço de 90 euros (café e berço), descobrimos decepcionados que o "estacionamento" era na rua, na frente do hotel. O quarto era fantástico, espaçoso, mas o ar condicionado não funcionava direito, o sinal da internet não pegava no quarto e não havia área comum nem de lazer. A piscina? Estava com água verde, a mais suja que já vimos na vida, cheia só pela metade. Inútil. A recepção parecia de um hotelzinho de beira de estrada, com um pequeno balcão e a moça da recepção era também quem fazia o café, ou seja, equipe reduzida ao mínimo... Como podia ser 4 estrelas?? Talvez pelo tamanho do quarto e pelos diversos itens de toalete que tinha de cortesia no banheiro... mas e daí? A gente queria era a piscina...

Seguimos logo para Cortona, aproveitar o dia, comer alguma coisa, pois esse seria nosso único dia lá. Na realidade, voltamos um trecho pois para chegar no hotel, circulamos a cidade por fora das muralhas. Deixamos o carro num dos estacionamentos públicos gratuitos fora das muralhas e entramos pela Porta Bifora Etrusca. Começamos a perambular pelas ruas estreitas empurrando o carrinho de Joaquim e logo chegamos a Via Jannelli, com suas casinhas medievais.

Daí percebemos aos poucos que Cortona é uma cidade inclinada. No alto de uma colina, ela segue subindo, subindo. As ruas que não eram subida, eram inclinadas o que nos deu muita cansaço pra manter o carrinho do filhote em linha reta. Mas esse cansaço veio só no final. Atravessamos a cidade: Piazza del Duomo, Piazza Signorelli, Piazza della Republica e fomos descendo pela Via Nazionale, uma das ruas principais de Cortona. Pensamos em ver a fonte na entrada principal da cidade, mas por fim nem fomos verificar se tinha fonte lá. Resolvemos subir, subir, subir até o Santuário de Santa Margherita. Passamos o Convento Doverelle e quando achamos que já estávamos chegando, continuamos a subir, mais, mais, mais... A vista se tornava cada vez mais linda.
O amarelo são campos de girassóis.
Depois de muito esforço e subida, desistimos, quase lá, de continuar subindo até o Santuário. O acesso só era permitido a pé, então deveria ter outro caminho de carro e poderíamos tentar depois. Resolvemos descer e curtir mais de Cortona. Ao invés de voltarmos pela Via Santa Margherita, resolvemos ir recortando por dentro, nos perder pelas ruelinhas e achar um local pra comer algo.
Quase lá, resolvemos voltar. Via Santa Margherita.
Chegamos a Piaza della Republica e ficamos encantados ao ver a saída dos noivos na escadaria do Palazzo Comunale: a italianada jogando arroz e gritando, nós e vários turistas tirando foto daquela cena de filme.

O sol se punha dourado e quente lavando de luz a Via Nazionale, uma das ruazinhas principais. Decidimos sentar numa mesa ali na calçada, pedir um prato de brusquetas de tipos variados, uma salada e uma boa garrafa de vinho branco muitíssimo gelada. A vida pedia!


Tentamos reconhecer algum cenário do filme mas nada nos vinha na lembrança. Nos dias seguintes, depois de voltarmos a Paris, assistimos o filme e percebemos por que não achávamos nenhuma parte de Cortona familiar: praticamente não aparecem locações da cidade. Algumas poucas cenas que Cortona aparece foram gravadas na mesma piaza Signorelli (e a fonte em que a moça toma banho não existe no local em que aparece... tudo bem, o filme é lindo, mas uma certa frustração bateu, ah, isso bateu.)
Seguimos muito cansados rumo ao carro. O sol se punha mas a beleza que a luz dava a cidade inspirava sempre mais uma e mais uma foto.


Programamos o GPS para verificar um caminho de carro até o alto de Santa Margherita. Depois de nos perdermos um pouco (acabamos entrando na cidade murada ... que aperto. Literalmente.) Um senhor nos explicou o caminho.  Qual foi nossa surpresa quando percebemos que nosso hotel "distante", ficava bem próximo do nosso almejado destino. Chegamos por fim no alto do morro, apressados pra ver o pôr do sol. Brincamos de bolha de sabão com nosso filhão e ficamos extasiados com tanta beleza. Um silêncio enorme, somente nós lá no alto. O mundo era nosso!






ITÁLIA - Dia 07: Civitá di Bagnoregio, Civitella d'Agliano e Orvieto

Acordamos e tomamos o café preparado pela própria Selita, sentados na varanda diante do jardim sob o sol do verão. O dia prometia calor. Nos paramentamos, protetor solar, muita água, "Gabriela" programada e seguimos rumo a Civitá di Bagnoregio, cerca de 25 km. Estávamos ansiosos para ver esta maravilha histórica. Quando estávamos saindo de Orvieto, em alguma das curvas, vimos que existia um hotel que ocupava um antigo mosteiro L'Abbaye des Santi Severo e Martirio. Dirigimos até lá, pois já tínhamos visto desde Orvieto a arquitetura que nos parecia incrível. E realmente é: um local belíssimo, igualmente tranquilo e igualmente perdido no tempo.

Visto do hotel (mosteiro). Cenário de filme.

Vista das ruínas da antiga capela. Ao fundo a bela vista de Orvieto.

Paisagem da viagem.
Serpentando por estradinhas nos aproximamos de Bagnoregio e logo vimos placas que indicavam o caminho para a Civitá. Bagnoregio nos pareceu uma cidade antiga, mau cuidada - mais pra "velha" do que "antiga". Atravessamos a cidade e pegamos a estrada pra nosso destino. Ao chegarmos, descobrimos que precisávamos comprar uns cartões de estacionamento que eram vendidos no comércio próximo ao local onde os carros ficam. Não tem muitos estabelecimentos comerciais por ali, e quando chega um carro todos logo sabem que são turistas e rapidinho vem alguém querendo vender os cartões. A moça nos orientou a pagar por 4 cartões, pois daí nos daria direito garantido para toda a diária - mas por fim vimos que não precisa tanto, pois 2 ou 3 horas por ali já está bacana. Estacionamos o carro debaixo da ponte e lá fomos nós, subir até o céu.


Levamos o carrinho do bebê, o que nos deu certo conforto em todo o passeio e mesmo na subida, embora tenha sido necessário puxarmos o carrinho juntos em certa parte - o bicho pega: a ponte tem uma parte bem inclinada.



Quando estávamos chegando esbaforidos na porta de entrada da Civitá, ouvimos um cara tocando violino, dando um ar realmente mágico. E a vista do vale? Sem palavras...

Entrada do paraíso.
A cidadezinha é linda demais. Facilmente se percorre as poucas ruelas. É uma viagem no tempo. Encontramos poucas pessoas por lá, reforçando o ar de "perdido no tempo" mesmo. Existe apenas uma pousadinha dentro da Civitá, tem alguns (poucos) restaurantes e lojinhas.



Comemos algo sentados numa mesinha em frente a piazza central. Dia claro, céu azul e nós, estacionados no tempo. Cada ruelinha esconde uma porta ou um portão e uma foto aguarda ser descoberta. Cada cantinho, curva, cada espiadela revela a beleza do lugar.
Andamos até o final da Civitá e encontramos um caminho que começava a descer, já conduzindo pra fora, mas pelo lado de trás. Descemos algumas escadas e descobrimos paisagens subterrâneas que alimentaram nossa imaginação. Os porões e cavernas são parte importante do lugar. Pode imaginar o que existe por ali desde a fundação pelos etruscos há 2.500 anos? 




Depois de percorrer tudo e respirar o ar do lugar, resolvemos seguir adiante. Como o dia estava rendendo, resolvemos visitar mais alguma cidadela e seguimos a indicação de uma placa com um roteiro pelas cidadelas medievais da região. Fica aqui a dica de roteiro.


Escolhemos seguir para Civitella d'Aglia por que não era longe e o nome "civitella" nos inspirou para outro lugarejo murado. Na realidade existe ali uma cidade mais moderna e uma cidadela intramuros - o que nos interessou. Conseguimos estacionar pelos arredores e seguimos caminhando, claro que com subidas e descidas. Ao entrarmos pelo portão, e percorrermos o lugar, um sentimento misto nos sobreveio. Por um lado, o lugar possui uma beleza muito grande em sua configuração arquitetônica, suas ruelas, podendo ser o cenário de muitos filmes.




Por outro, o lugar está muito abandonado. Dezenas de casas estão com placas de vende-se e outro tanto está apenas abandonado. O cheiro de mofo emanando dos porões e portas é grande - uma tristeza. Nos pareceu que bem poucas pessoas habitam ali dentro da muralha. Foi interessante ver este lugar. Civitá di Bagnoregio está complemente preservada e, embora habitem poucas pessoas dentro de seus muros, ela tem um ar de cidade viva. Quando estivemos em Carcassone na França, visitamos a cidade murada e ficamos impressionados em como está conservada, mas nos pareceu um parque temático tendo quase todas as casas se transformado em restaurantes, hotéis, lojas de artesanato e souvenirs. Mont Saint-Michel, também na França, nos pareceu outro modelo de cidade murada, por um lado explorada pelo turismo com o comércio, mas por outro, possuindo um quê de sua autenticidade na rotina da abadia. Civitella d'Aglia entrou nessa lista de lugares memoráveis, mas como referência das dificuldades que existem em preservar uma arquitetura tão antiga e de como uma cidadela pode estar morta - não fizemos muitas fotos, e das que fizemos, preferimos as coisas bonitas do lugar.


Chegamos na Casa Selita ainda de tarde. Estávamos super cansados. Aline se sentindo um pouco mal foi dormir no quarto com as portas escancaradas para o jardim onde Joaquim dormiu em uma das espreguiçadeiras sob a sombra das árvores - eu deitei na outra espreguiçadeira, sorrindo, velando seu sono e pensando que aqueles dias podiam durar pra sempre.
Quando os dois acordaram resolvemos subir para Orvieto, mas como Aline estava um pouco indisposta, fomos de carro e deixamos no estacionamento pago na entrada da cidade. Fomos procurar algo pra comer. Nos metemos pelas ruas da parte menos turística, onde vive parte dos"nativos", pros lados da igreja San Giovenale. Pelas fotos a seguir se percebe que ora se está embaixo, ora se está por cima - e todas as vistas são belas. Compramos pedaços de pizza numa panificadora, bom sabor, bom preço, ampliamos o pedido e caminhamos até a Piazza Duomo pra fazer nosso piquenique.



Que tal um chá nesse final de tarde?

ITÁLIA - Dia 06: Siena - Orvieto

Deixamos o hotel nos arredores de Siena e seguimos diretamente para o centro da cidade. Precisávamos de uma lavanderia e, embora nossos planos não incluíssem cidades "grandes", Siena seria nossa exceção. No hotel nos informaram que não havia muitas opções de lavanderia, mas uma no coração do centro antigo seria nossa solução perfeita. Enquanto a roupa rodaria nas máquinas, nos rodaríamos por Siena!

Programamos o GPS para um dos grandes estacionamentos da cidade. Mas não tivemos muito êxito. O GPS nos mandava dar voltas e voltas e não chegávamos nunca. Rodamos um bocado perdidos, temendo acaber enfiados na muvuca de ruas estreitas. Em determinado ponto decidimos seguir as placas que indicavam um Parking e chegamos a um bastante central, junto ao estádio de futebol. Demoramos pra achar uma vaga dentro do estacionamento, mas enfim achamos um lugar. Ufa! Pegamos nossas sacolinhas com roupa suja, carrinho do bebê, máquina fotográfica, mais uma bolsa de tranqueiras (tipo, fraldas, carteiras, água, etc) e deixamos o carro carregado no estacionamento.

Tivemos que pedir informação pra nos localizarmos, mas como em todas as cidades, encontramos um Uffici  Informazione (Centro de Informações Turísticas) bem perto, onde conseguimos um mapinha e a indicação de quais ruas percorrer até chegar na famosa Piazza del Campo, exatamente onde acontecem as tradicionais corridas de palio. Percorremos algumas ruelas, semelhantes a dos vilarejos dos últimos dias, ruas estreitas, com a diferença de que em Siena algumas ruas tem um certo movimento de veículos, taxis e muuitos turistas. E eis que entre a estreiteza, surge o a grande piazza em forma de meia lua e inclinada, com a prefeitura construída no século XIV e o campanário.



A lavanderia era muito próxima, então resolvemos fazer como a população local: colocamos a roupa pra lavar e saímos de lá - eles devem ir pra casa, mas nós iríamos ganhar a cidade. Percorremos os arredores da piaza, visitamos externamente o que se podia ver - calor demais, que tal mais um sorvetinho sentados à sombra no chão como muita gente por ali, imaginando como a corrida de cavalos acontece naquele lugar?
Percebemos que Siena era a maior cidade que visitaríamos nessa viagem (La Spezia não conta), mas seu centro antigo não é tão grande assim. Siena preserva praticamente toda muralha medieval, que é bastante longa. Na foto acima podemos ver o Duomo logo atrás dos prédios da piaza.


 O duomo de Siena (do século XII) é lindíssimo! Bastante difícil conseguir uma foto que pegue a totalidade, pois a piazza del duomo não dá muito ângulo, por ser pequena na frente. A fachada de uma riqueza de detalhes esculpidos em mármores de cores diferentes, as esculturas, os mosaicos... (incrível!) finalizada em 1380!
Detalhe da fachada do duomo
Descobrimos que para visitá-la internamente era preciso pagar. Existe um bilhete combinado que dá direito a entrar em vários monumentos que acaba saindo bem mais em conta. Antes de entrar no duomo, corremos pra tirar a roupa da máquina de lavar e colocar na secadora. Programamos o tempo com moedinhas e continuamos a visita. Se por fora a catedral é linda, imagine por dentro:


É uma riqueza de detalhes imensa. Pinturas, mosaicos, esculturas, pelo teto, pelas paredes e pelos chão. Aliás, você não sabe pra onde olhar: o chão contém dezenas de painéis ilustrados - impressionantes. O púlpito é indescritível.
Pequeno detalhe do piso
 Como se não bastasse, encontramos lá dentro a pequena porta que dá acesso a Biblioteca Piccolomini. É "apenas" uma sala, mas com uma grande quantidade de afrescos de cores super vivas com detalhes impensáveis. Ali estão diversos livros enormes, na realidade hinários, em que se pode ver as anotações de canto gregoriano com suas iluminuras. É preciso falar sobre as esculturas que tem lá?


Dali fomos buscar a roupa já seca, apressados, e fomos visitar o batistério, que tem uma entrada por outra piazza.

O batistério recebe todos os mesmos adjetivos superlativos da catedral e da biblioteca. Fan-tás-ti-co! Deixamos o batistério e nos dirigimos para o museu ali ao lado. Nosso interesse maior era chegar ao mirante, mas para isso era preciso subir muitas escadas pelo museu. Para nossa decepção, a quantidade de escadas era muita e o acesso até o mirante estreito, o que impossibilitava visitarmos com o carrinho e todas nossas sacolas. Uma moça da segurança disse que poderíamos deixar o carrinho num canto do hall de entrada, mas não havia nenhuma segurança ou vigilância - e deixar apenas o carrinho significaria carregar muita coisa além do nosso filho. Decidimos nos revezar. Enquanto Aline ficou com Joaquim e os badulaques, subi rapidamente sem praticamente ver nada no museu. Chegando na entrada do mirante, descobri que o acesso é controlado, subindo-se apenas em grupos de 30 pessoas e só subia o próximo grupo quando o grupo anterior todo descesse. Fiquei esperando uns 25 minutos - sem ter 100% de certeza se eu subiria na próxima leva. Por fim consegui e o acesso é realmente por corredores apertadinhos e escadas em caracol estreitas. Chegando lá em cima entendi o porquê da limitação de público. O espaço é estreito e quase não é possível circular por ali. A vista é incrível, se vê longe no horizonte e sobre toda Siena. Não fiquei mais que uns 10 minutos e comecei a descer. Encontrei Aline e Joaquim, e por fim ela desistiu de subir tanta escada. O cansaço de uma viagem faz a gente abrir mão de visitas. Estimamos que levaria mais cerca de 1 hora para era chegar lá no alto.
Comemos uma pizza com coca-cola, a coisa mais prática e barata que encontramos por ali e seguimos nossa viagem, pois o dia ainda não estava nem perto de chegar ao fim.

Piazza del Campo vista do alto do mirante
Até Orvieto, na região da Úmbria, percorremos cerca de 130km, seguindo um trecho por onde já havíamos passado no dia anterior. Estávamos ansiosos pra chegar em Orvieto pela beleza da cidade mas também pra ficar no hotel, na realidade um B&B - Bed & Breakfast, a Casa Selita, que ficava na encosta da colina, fora dos muros de Orvieto. Um casal transformou sua casa numa acolhedora pousada de onde podíamos subir a pé até a cidade e deixar nosso carro bem próximo a nosso quarto (como isso facilita pra descarregar malas e sacolas sem fim!). Ali ficamos por duas noites ao preço de 80 euros (berço, café e estacionamento). O proprietário nos recebeu calorosamente, nos forneceu um mapa da cidade e deu várias dicas turísticas e sugestões de lugares para comer. A recepção foi ótima, como se sonha ser recepcionado num B&B!
Uma parte da Casa Selita. Lá no alto aparece um pouco de Orvieto.
Casa Selita vista desde o alto de Orvieto. Nosso carro é o azul. 
Após nos instalarmos, subimos a ladeira e fomos desbravar a encantadora Orvieto e seguir as sugestões de nosso anfitrião. Fim de tarde, sol se pondo, foi paixão a primeira vista com a cidade. Encontramos uma loja de bonecos de madeira aberta, foi muito mágico. Combina bem com a Itália... que o diga Pinóquio...


Em Orvieto viajamos no tempo.  Murada, no alto de uma colina, ruelas estreitas... poderia ser a descrição de inúmeras cidades italianas. Mas Orvieto tem algo a mais. Decidimos que um dia ainda moraremos por ali...
Várias esculturas de madeira em relevo ornamentam as ruas da cidade.


De repente, olhando pro lado numa rua, surge o duomo fantástico dourado pelo sol.

O comércio foi fechando e por fim não tínhamos mais muitas opções onde comprar algo pra comer na pousada. Encontramos um lugarzinho muito pitoresco onde uma senhora nos atendeu com muita simpatia e preparou demoradamente uns sanduíches para levarmos. Quando comemos os sanduíches nos decepcionamos muito, pois era só pão com presunto, sem nada a mais, muito seco e sem graça que nem de perto valia o preço pago. Mas a interação com a senhorinha foi muito agradável e as tentativas de comunicação divertidas.

Fomos descansar em nossa "casa de campo". No outro dia seria a vez de Civita di Bagnoregio.