Amsterdam e bêbes


Um dos primeiros destinos que nos ocorreu desde que chegamos para esta temporada na Europa foi Amsterdam. Porque dá pra ir de trem a partir de Paris, porque pode ser uma viagem curta, etc. Mas depois de algumas tentativas para encontrar passagens baratas de trem fomos desanimando e acabávamos sempre escolhendo outro destino. Até que um dia resolvemos comprar as passagens, com muita antecedência, e ainda assim de avião, que acabou sendo mais barato.


Apesar da grande vontade de conhecer a capital holandesa, infelizmente, nossa experiência não foi das mais agradáveis... pegamos tempo feio mesmo sendo final de primavera, com céu cinzento, muito vento frio e chuva fina. Além disso sofremos um choque enorme com o ritmo tão diferente que a cidade tem se comparada a Paris - foi muito estranho pra nós um mundo onde a preferência é das bicicletas e crianças não tem espaço. Então, entre prós e contras, aí vão nossas impressões:

Amsterdam é uma cidade linda, com seu casario típico, seus 120 canais e suas 1.200 pontes. Não é uma cidade muito grande, podendo ser percorrida em grande parte a pé - dependendo da resistência de cada um. Tem um transporte público caro (2,60 euros o passe de "tram" - bonde). Achamos todos os hotéis caros, comparável aos preços de Paris. Já no supermercado notamos uma diferença maior, sendo mais barato vários produtos lá. Se comparamos os preços de museus, Amsterdam é mais caro, na média, do que Paris.

A belíssima estação de trens


Embora relativamente próxima de Paris, a viagem pra lá não é tão baratinha quanto às vezes se pensa. Existem 3 maneiras de realizar este trecho: trem (mais "tradicional", de média duração mas não necessariamente a mais barata); avião (que dependendo pode ser mais em conta, mas há que se lembrar que os aeroportos ficam fora dos centros o que exige um tempo de deslocamento e este gasto extra) e de ônius, a opção mais barata que leva uma média de 8h viajadas à noite. Nossa opção foi avião: menos tempo de duração em um ambiente único, já que nosso bebezão tem ficado mais agitado nas viagens.

Em Amsterdam o inglês é quase a segunda língua oficial, falada em todos lugares. Conseguimos também nos virar com o francês, embora as pessoas sempre nos respondessem que falam apenas um pouquinho. Mas foi o suficiente pra nos ajudar.


Casa Barco

Nós tivemos muita dificuldade para relaxar ao andar por Amsterdam. Com uma frota de 550.000 bicicletas (sim, 550.000 - foi o que o guia no passeio de barco disse), existem bicicletas estacionadas por toda parte, o que significa que em algumas calçadas às vezes o caminho está obstruído.


Para um adulto caminhando não tem muito problema, mas com um carrinho de bebê a coisa complica. Principalmente se considerar que existem milhares de bicicletas em trânsito o tempo todo. Existem ciclovias mas o predomínio e a liberdade de circulação faz com que as biciletas usem todas as vias existentes - inclusive calçadas. Como deixar uma criança caminhar num ambiente assim? Impossível.

Mesmo no Vondelpark, que ficava a poucos metros do nosso hotel, as bicicletas circulam em alta velocidade e sempre com suas sinetinhas avisando "sai da frente que lá vem gent... que lá vem bicicleta". Em poucas áreas no parque nos sentimos um pouco mais seguros em deixar nosso pequeno caminhar livremente. Somado a isto, na região mais central de Amsterdam não existem praças e parques (não que tenhamos visto). Algumas áreas mais amplas (como calçadões ou places) não são seguras pra deixar criança solta, pois as bicicletas sempre estão a mil por lá. Além disso, os diversos canais também são um risco pra qualquer criança pequena. Por fim, o estresse dos trams (bondes) que fluem velozmente em muitos casos nas mesmas vias que carros e pedestres é de deixar qualquer um que empurre um carrinho em alerta. Sem faixas de segurança suficientes, com trilhos a serem cruzados, com o fluxo dos trams e bicicletas, com os automóveis que optam por fazer atalhos inexplicáveis... ficamos em alerta constante.


Sem poder caminhar sozinho, sem que consigamos carregá-lo no colo ou sling por muito tempo (tá grandão o menino), sentimos que nosso filho ficou refém do carrinho, tivemos a sensação de que ele não era respeitado. Por fim, sentimos mais uma vez este descaso com os bebês quando fomos tomar um tram e a cobradora mandou que desembarcássemos pois as 2 vagas para carrinhos e cadeirantes já estavam ocupadas - 2 vagas num bonde de 5 ou 6 vagões!! E mesmo com meia lotação não pudemos ir e tivemos que aguardar mais 15 minutos no mau tempo até o próximo. Nossa conclusão: Amsterdam não é para bebês e crianças pequenas.


No país das liberdades, o cobrador do "tram" tem uma cabine enorme... mas lugares para carrinhos ou cadeirantes são restringidos a no máximo dois. Direitos e liberdade pra quem?



Mas, uma vez lá, tratamos de aproveitar o que, e como, nos foi possível. Abaixo alguns dos programas que fizemos:


- Passeio de barco - várias empresas fazem passeios turísticos pelos inúmeros canais de Amesterdam. O passeio leva em média 1 hora e foi ótimo começarmos por ele, pois tivemos uma vista geral da cidade - e tudo lá fica nas margens dos canais. Vontade de repetir!!!



Compramos o ticket do barco + museu Van Gogh. Ambos ficaram um pouco mais baratos. Tem opções com mais combinados.


- Museu da Ane Frank - infelizmente não entramos pois a fila estava muito grande e não tinha preferência para bebês, como estamos (mal?) acostumados em Paris . Com o vento frio não quisemos esperar. De qualquer maneira nos informamos e soubemos que a mobilidade com carrinho é limitada, sugerimos usar sling ou canguru pois tem muitas escadas;


- Museu Van Gogh - muito bacana, dá pra ter uma visão geral dos (apenas) 10 anos de trabalho de pintura do artista (5 na Holanda). No museu tem elevador por toda parte, tranquilo pra visitar com carrinho de bebê. Ah, e tem um restaurante no museu, com cadeirão pra bebês!

- Rijksmuseum - é o museu nacional de arte e história da Holanda. Junto com o Museu Van Gogh e o Stedelijk (arte moderna) ele completa o trio da Museumplein, ou praça dos museus. Fizemos uma visita rápida, porque estávamos com o tempo um tanto limitado, mas vale a pena fazer a visita com tempo. O prédio é lindo e o acervo muito interessante. Fizemos a visita com Joaquim no sling, mas com carrinho também rola.

- Vondelpark - O parque é lindo, mas tão cheio de bicicletas quanto as ruas de Amsterdam. Para fugir das bikes tem uns gramados ótimos pra fazer piquenique - ou pelo menos imaginamos que seja, caso o tempo esteja bom ...


Uma das pontes no parque


- Vlooienburg ou antigo bairro judeu - De fácil acesso, é uma viagem no tempo!! Mais tranquilo que o centro, vale a pena se perder por algum tempo vendo vitrines e janelas, pessoas e becos.


- Aluguel de bicicleta - Uma coisa que queríamos muito fazer era alugar bicicletas, mas o mau tempo nos desanimou completmante. No último dia fez sol, mas achamos que ficaria muito corrido por causa da viagem. Existem algumas empresas que alugam bicicletas, inclusive com cadeirinha de bebê. Perguntando no hotel devem saber informar. Vimos também pela cidade uns taxi-bicicleta para até 2 pessoas. Não chegamos a usar, mas nos pareceu uma alternativa de entrar no clima ciclístico da cidade sem se cansar. rsrsrs

- Localização - Escolhemos nosso hotel observando preço e localização. Quanto ao preço, no geral é tudo muito caro, e sobre a localização estudamos o mapa da cidade e pegamos dicas com nossa amiga Ana (do Curious About) que havia passado por lá há pouco tempo. Ficamos numa rua onde tem vários hotéis, há poucos passos do praça dos museus e do parque. A rua paralela, descobrimos no último dia, é A rua das griffes... pra quem gosta, tá do lado. Ficamos exatamente do lado oposto da cidade em relação à estação de trem. Do aeroporto chega sem muita muvuca, pois fica fora do centro apertado de Amsterdam.

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